Os livros feitos para adolescentes entraram na mira do jornal americano "The Wall Street Journal". Autora de uma coluna sobre livros infantojuvenis no veículo, Meghan Cox Gurdon publicou, no último sábado (4), um texto dizendo que tais obras estão "repletas de abusos explícitos, violência e depravação".
No artigo, intitulado "Darkness too visible" ("escuridão visível demais", em português), Meghan detona as atuais ficções para teens:
- O quão sombria é a ficção contemporânea para adolescentes? (...) Tão sombria de sequestro, pedofilia, incesto e espancamentos brutais são, agora, apenas parte de uma trama normal de um romance direcionado, geralmente, para crianças com idades entre 12 e 18 anos.
A colunista fala mal de livros que retratam jovens que se automutilam, como "Scars" (cicatrizes), de Cheryl Rainfield ou "Rage" (ódio), de Jackie Morse Kessler, ambos com bom índice de vendas nos Estados Unidos.
- Patologias que eram indescritíveis em obras impressas 40 anos atrás agora são detalhadas de forma visceral. Barbaridades que fariam uma música ou filme levarem um selo de alerta aos pais, em romances para jovens adultos, são tão fáceis de serem encontradas que a maior parte dos críticos nem comenta o fato - continua Meghan, ressaltando que tratar esses assuntos de forma corriqueira os torna "normais", o que, para ela, seria nocivo.
É claro que os autores de best-sellers para adolescentes estão furiosos e reagiram à altura. Em resposta aos ataques da colunista do jornal americano, a hashtag #YASaves ("young adults saves"), pregando que a literatura para jovens adultos pode salvá-los de problemas que enfrentam nessa fase da vida, foi parar na lista dos "trending topics" (os assuntos mais comentados) do Twitter americano.
Os escritores alegam que abordar temas espinhosos, como depressão e violência, nas histórias ficcionais ajuda os teens a encarar o mundo real. Quem lançou a hashtag no microblog foi a autora Maureen Johnson, dos livros "Zombies vs. Unicorns" (zumbis versus unicórnios) e "Vacations from Hell" (férias infernais), que perguntou a seus seguidores:
- YA te ajudou? Deixe o mundo saber como! Conte sua história utilizando a hashtag #YAsaves.
Cheryl Rainfield, que teve seu livro "Scars" citado pela colunista do WSJ, escreveu em seu blog que "quebrar o silêncio encoraja a cura".
- Eu não poderia ter sobrevivido durante minha infância e adolescência sem livros. A fantasia para adolescentes me ajudou a escapar do abuso e da tortura que eu estava vivendo. Esses livros realistas fizeram com que eu me sentisse menos só - escreveu.
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